17 de novembro de 2011

[OUTRAS IDEIAS] O Que Fazer da Vida? *

* Por Paulo Sant'Ana, publicado no jornal Zero Hora em 24/02/2011

Um conhecido meu me pegou pelo braço e me deu conta de sua decisão:“Informo-te que estou largando tudo, tudo mesmo, e estou largando também a vida”. E eu disse a ele:“Não te incomoda largando todas as outras coisas: simplifica e larga só a vida”.

Eu, como os filósofos, os sacerdotes e os curiosos em geral, me ocupo em decifrar a vida. Às vezes, quase que me dou por vencido. São tantos os mistérios da vida, que não consigo perscrutar a maioria deles. Mas outras vezes me encorajo, como quando recebi de uma pessoa uma mensagem cheia de esplendor teológico. Alcançaram-me a mensagem ontem aqui no jornal. O resumo da mensagem: “As misericórdias de Deus são as causas de não sermos consumidos”.

Eu me sinto muitas vezes assim: noto no meu dia a dia a proteção de Deus, da Virgem Santíssima. Parece-me nitidamente que sem essa assistência eu não poderia levar à frente a minha existência, tantos são os fatores que abalam minha resistência física. E dali a pouco, como por um milagre, eu passo por mais aquele obstáculo. E por mais outro. Assim eu vou levando. Passam-se os anos e os meus autovaticínios pessimistas não se confirmam. Só pode ser a mão de Deus. Algo me diz que ele está cuidando de mim, que ele não está se descuidando de mim e está me levando, mesmo aos trancos e barrancos, para a frente nos meus caminhos.

Eu preciso firmar na minha mente que Deus é bom e é justo. E, sendo justo Deus, ele está a meu lado, aproveitando essa vigília para manter-me erguido até a hora que soar a minha morte. Mas, antes disso, ele está me proporcionando alguns momentos estupendos da vida, aqueles instantes em que noto que cada vez mais eu raciocino melhor e mais visível se torna a minha capacidade de saborear a vida na sua mais profunda e significativa essência, que é o meu relacionamento com as outras pessoas.

Tanto que muitas vezes concluo que o inferno não são os outros. Pelo contrário, eu estou sabendo fazer dos outros meus agentes na busca e encontro de uma existência deliciosa.

A única coisa que me consola quando me defronto com grande dificuldade é que olho atentamente ao meu redor e vejo que outras pessoas sofrem igualmente a mim com dificuldades iguais ou congêneres. Nunca se deve pensar que só conosco acontecem pequenas ou enormes catástrofes existenciais. Consola-nos muito saber que todas as pessoas são suscetíveis de grandes problemas afins aos nossos. A vida por si só também é um grande problema.

Trocar de amor é tão difícil e intrincado quanto trocar o pneu. Da última vez que troquei de amor, fiquei todo engraxado.

E, quando se troca de amor, fica-se sempre num grande dilema: o que fazer agora com o pneu avariado? O pneu bom foi colocado no carro, mas se deve agora continuar usando o ex-amor como estepe?



14 de novembro de 2011

Abraços de Liberdade

Escute os sons da liberdade. Eles estão brotando de dentro de você, do fundo do seu coração.

Transborde essa liberdade. Liberte-se. Não alimente rancor, alimente o amor, principalmente com quem está mais próximo de você. É preciso.

Pessoas vêm e vão. Somos feridos e ferimos. Mas isso não é motivo pra repetirmos como um disco arranhado e propagar a nossa mágoa, destilando um veneno com data de validade ultrapassada. Ao contrário, deve-se deixar o tempo – e apenas o tempo – falar. Contemplar o tempo em silêncio, sem deixar de tomar atitudes para que o amor prevaleça.

Curta e compartilhe ideias boas, e sorria e faça sorrir ao invés de irritar. O perdão se cultiva desta forma.

Deixe o tempo trabalhar. E depois? Perdoe. Abrace. Esqueça as mágoas. Recomece, de outro jeito. E liberte-se das mágoas. Às vezes, perdemos ligações com pessoas que nos conhecem muito por isso.

Agora, com licença. Hora de abraçar, sorrir e perdoar alguém. Até mais.