28 de abril de 2011

A Chave Para Abrir Qualquer Porta

Lilás era a cor da camisa que ele usava. Tecido leve, ar despretensioso, afinal aquela seria somente mais uma noite de sábado, apesar da importância da festa. A festa foi aguardada com expectativa. A noite não. A noite seria apenas mais uma. Seria...

Um minuto em que ele mudou de lugar naquela festa, um puxão pelo braço e pronto, aquela noite mudaria. A vida dele também, por mais que ele ainda não saiba ao certo o destino dessa mudança. Certos conceitos e paradigmas que a cabeça daquele rapaz insistia em manter seriam apagados.

Como era difícil para ele aceitar que estes conceitos seriam mudados, ele ficou tímido por um minuto. Também, era natural que isso acontecesse, aqueles olhos azuis que o encararam, misturados ao barulho da música, ao agito das pessoas que estavam naquela festa – e não era pouca gente – e a tudo que aquela nova situação envolvia, o fizeram paralisar por instantes. Vinte e seis segundos em que ele dançava, esboçava um sorriso, mas não se atrevia a perguntar sequer o nome dela, que não havia sido perfeitamente entendido. O que fazer agora? Sair correndo? Não, ela é bonita demais pra isso. E foi passando, 13, 14, 15, 16 segundos, eles se aproximaram. Até que a conversa começou.

Interessante. Foi um dos adjetivos que ele encontrou para defini-la depois desse momento inicial de conhecimento. O restante era visível: um sorriso bonito e espontâneo, um jeito de conquistar único e pretensões iguais às daquele rapaz: aproveitar a noite sem expectativas, mas aproveitá-la. O beijo aconteceu. E a noite, sem expectativas anteriores, tomou direções inimagináveis.

A adrenalina subiu, os minutos passaram, a noite passou, o dia chegou, e o carinho só cresceu. O torpedo do celular após aquela noite foi de agradecimento e as expectativas, que antes não existiam, apareceram. Será que ela vai responder? Qual será o nosso contato depois daquela noite. Algo especial acontecia nessa história toda, naturalmente. Outros dias se sucederam, o carinho somente cresceu. E outros contornos, inesperados, surgiram. E uma ligação forte, muito forte, os envolveu, inevitavelmente. Se compararmos com uma história a ser escrita, o que, no momento em que aquele rapaz se olhou no espelho, de camisa lilás, não passava de um rascunho, um bilhete despretensioso, se tornou num grande livro, a ser confeccionado em quatro mãos. Um livro que ainda está nos primeiros capítulos, cheio de páginas em branco, e com final indefinido. Mas que começa de forma muito bonita, com histórias envolventes e bem contadas. Talvez seja crueldade demais este livro não ter um final feliz. Mas somente seus autores podem definir isso.

Na vida, assim como o rapaz e a mulher desta história, escrevemos vários livros. A vida não é um livro apenas, mas sim uma série de volumes. E os sentimentos, que são a emoção dessa história toda, vão e voltam, se reciclam, mudam de formato várias vezes, formando a cada transformação uma história diferente. E é muito difícil defini-los, ainda mais quando a vida nos traz momentos inesperados e de profunda intensidade. Mesmo que você insista em valorizar o tempo, achando que nunca é a hora certa para determinadas coisas. O tempo é ao mesmo tempo traiçoeiro e doce, surpreendente e previsível, planejado e inesperado. O tempo na verdade é uma bobagem daquelas que não se consegue viver sem. Ele te pega de surpresa quando você menos imagina. E você fica sempre naquela preocupação – será que é a hora certa de tomar aquela atitude? Por que vou me arriscar de novo? Será que eu deveria aproveitar um pouco mais o tempo só pra mim? Ao invés de fazer todas estas perguntas, viva. Viva cada momento com intensidade, olhando para seu futuro mas ao mesmo tempo sem pensar nas consequências dele. Não são todos os dias que momentos especiais aparecem na sua vida, aproveite.

Estar em um momento especial é único, é maravilhoso. Não se encontram palavras pra descrever como é bom sentir o coração batendo mais forte, expectativas interessantes, saudade, e não se preocupar se as expectativas serão frustradas. Há momentos que não podem ser perdidos. E este sentimento novo que nasce não pode ser escondido, tem que ser revelado, mesmo que essa revelação venha cautelosa. Vamos viver, se entregar e aproveitar este momento. É este o primeiro grande passo para que, uma noite sem expectativa nenhuma, se torne uma noite pra sempre.


19 de abril de 2011

Música da Semana - Além do Horizonte

O Rei hoje faz 70 anos. E não tenho vergonha de ser jovem e fã do cara. Ninguém no Brasil vendeu tantos discos como ele. Também pudera, ninguém fala tão bem de amor, e dos sentimentos do nosso coração como ele.

E escolher qual música entre mais de 500? Foi complicado, passei o dia pensando. Mas tem uma, em especial, que eu gosto bastante, ainda mais nesse arranjo do Acústico MTV. Além do Horizonte (que ele alterou brilhantemente a letra depois da morte da esposa Maria Rita) fala justamente do "frio na barriga", da expectativa de novas paixões e de como um amor pode ser bonito, basta acreditar nele mesmo.

Aproveitem esta bela canção e bom feriado a todos.

O Brilho Atrás das Nuvens


Este não e um texto de parágrafos longos. São pensamentos curtos, algumas poucas palavras.

Até porque, se olharmos para os nossos momentos mais importantes, a maioria acontece exatamente assim. São ideias bem pensadas, mas que exigem atitudes rápidas, decisivas.

Porém, mesmo que sejam pensadas e repensadas, as decisões nem sempre são acertadas. Aliás, o índice de decisões equivocadas em nossa vida tende a ser maior do que os das decisões corretas.

Porém, nem por isso você desiste. Você tenta de novo, e de novo. Às vezes é necessária uma mudança de estratégia para que o objetivo seja alcançado.

E isso demanda tempo. Paciência também.

Porém, enquanto não se esgotam todas as suas chances. Enquanto houver um coração batendo, não dê seus objetivos como perdidos.

Desistir da vida e dos seus sonhos não pode, em nenhum momento, fazer parte de suas ideias.

O seu coração bate em nome da alegria. Portanto, não deixe que algumas dificuldades o enfraqueçam.

Lembre-se que o sol sempre brilha, por mais que esteja escondido atrás das nuvens. Estas nuvens negras uma hora vão embora. O sol permanece, todos os dias, para iluminar.

Assim é você. Iluminado. Mesmo que alguns problemas encubram seus pensamentos, logo brilhará em você tudo aquilo que te torna especial.

Valorize quem é especial pra você. Entre em contato agora, depois de ler este texto, com alguém que é especial na sua vida. Mande um e-mail, telefone, uma mensagem de texto, ou até mesmo, pra você que está mais moderno, uma mensagem pelas redes sociais. Ilumine o seu dia e de quem você gosta. Valorize estes momentos.

O amanhã não chegará para que se pense no ontem. Viva o presente construindo as bases para o futuro. E nunca desista. Assim, o sol da sua vida sempre brilhará.


15 de abril de 2011

Música da Semana - Skyline Pigeon

Elton John sempre fez parte da minha infância. Minha mãe ouvia muito e eu ia na onda. Aprendi a gostar. Piano tocado magistralmente, voz e letras dignas de aplauso.

"Skyline Pigeon", a música da semana, me traz a sensação da busca pela paz, de nos libertarmos das velhas amarras, dos fantasmas que rondam nossos pensamentos de vez em quando. E trago ela aqui pro blog, pra abençoar nossa sexta-feira, com um vídeo que traz a tradução da canção e belas imagens ao fundo. Que você voe em busca dos seus sonhos. E que isso comece agora.

12 de abril de 2011

O Sol do Dia que Não Acabou

Você se levanta, olha no espelho, identifica as mesmas rugas, as mesmas marcas no rosto, uma acne nova no lado esquerdo da testa, passa a água em seu rosto e finalmente acorda. Agradece a Deus por estar vivo, escova os dentes, toma um café, um banho antes, talvez, e assim começa mais um dia.

Mas, naquele dia, você não sentiu o que geralmente sente. Inexplicavelmente, as preocupações e expectativas quanto à forma em que seu coração vai bater somem. Você está ali, vivo, e isso basta. A solidão, apesar de permanecer em sua vida, não te incomoda. Ao contrário, vira tua companheira, amiga e confidente. E você acha graça disso. O dia passa, a rotina é a mesma, chega a noite e, naquela noite, você sai. Cabelos arrumados, perfume envolvendo teu corpo, sua pele, a roupa impecável, você encontra com teus amigos e tua companheira solidão. Deixa a solidão curtir contigo. A única coisa que você não trouxe contigo foi a expectativa. A solidão vira tua companheira tão fiel que ela não te deixa triste, mas te faz enxergar que, mesmo sem amores, amigos estão a sua volta.

De repente, vinte minutos podem mudar sua noite. E você percebe que as noites em que você não possui expectativa nenhuma podem ser as melhores noites da sua vida, da mesma forma que grandes expectativas também geram grandes frustrações. Afinal, quanto maior o salto, maior a queda. Uma conversa tímida ao pé do ouvido, uma dança com as mãos em sua cintura, e a noite se transforma. A solidão abre espaço para o inesperado, uma mistura de sensações que você só conseguirá descrever no dia seguinte. Quantas vezes não permitimos que o inesperado possa ser experimentado por nós. Quantas vezes deixamos que o “bom inesperado” passe na frente de nossos olhos, sem o aproveitar. Perdemos, talvez, alguns dos melhores momentos de nossas vidas por culpa de um medo do diferente.

Estes vinte minutos se transformam, e você não quer que aquele momento acabe. As horas passaram? Você nem percebeu. Nem se deu conta que o dia está amanhecendo. Amanhecendo? E daí, este momento não pode acabar. Sim, aproveite ao máximo os momentos mais intensos de sua vida. Não permita que estes momentos acabem antes do tempo em que eles podem acabar. E não determine este tempo. Viva cada momento que seu coração lhe dirige no tempo necessário, sem pressa, mas permitindo sentir o coração batendo mais forte, as mãos tremendo, o corpo em êxtase. Viva com paixão. Sinta cada abraço, cada beijo, cada carinho, cada sorriso, cada olhar que parte destes olhos claros... Sinta até aquele tímido “oi” que você recebe de vez em quando com intensidade.

Cuide para que esta sensação gostosa que lhe envolverá não se perca. Faça isso sendo sincera(o) com seu coração. Deixe seu coração bater no seu ritmo, sem ansiosidade, e não denomine o que você está sentindo. Apenas sinta.

O dia amanheceu. Mesmo que o momento acabe, a sensação não vai embora. Você se envolve numa paz... E quando chega em casa, as lembranças o rodeiam, os sonhos estão preenchidos de maneira diferente. E seus dias voltam para a mesma rotina, até você sentir, de novo, toda esta intensidade, mesmo que a solidão insista em ser sua companheira.


7 de abril de 2011

Música da Semana - O Que É, O Que É?

Estava agora a pouco jantando e na mesa da frente havia uma família. Pai, mãe e uma criança, linda, que sorria o tempo inteiro... Achava o máximo estar ali, numa pizzaria, ir no vidro que havia no local onde dava pra ver como era feita a pizza e ficar apreciando... Sorria pra todo o mundo, brincava com os garçons, era impossível não sorrir olhando ela ali, indefesa, sem preocupações. Olhar para ela era a definição ideal da palavra futuro.

Hoje, nos deparamos com a notícia de que doze destas crianças indefesas foram brutalmente mortas, sem nenhuma justificativa, por um criminoso cujo adjetivos para qualificá-lo não me vêm a mente agora. Assim como estes doze anjos, outros tantos perdem a vida de maneira covarde, ou são violentados e torturados física e psicologicamente da mesma maneira todos os dias, sem divulgação. Perguntar até quando isso vai acontecer, ou querer entender os motivos chega a ser redundante. O que fazer?

Quando terminar de ler este texto, de ouvir a música, olhe para as crianças que convivem sempre com você. Ou pense nelas. Por mais que, às vezes, percamos a paciência com elas, suas respostas são puras. O seu sorriso é sincero. As crianças nos fazem sorrir com atitudes, que às vezes nem esperamos. Olhando pra elas podemos entender como a vida é bonita, é única. O rosto de Deus está em todos nós, mas sobretudo nelas. E é isso que me fez lembrar essa música... Não vamos ter a vergonha de ser feliz, nem de acreditar na pureza de nossas crianças.

“Todas as vezes que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizeste” (Mt 25,40).

O QUE É, O QUE É
(Gonzaguinha)

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão

Hê! Hô!...
E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...

Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita





5 de abril de 2011

O Que Está Bom é Inimigo do Melhor

Qual é a hora de fazer algo diferente? Inovar, sair da rotina, fazer as coisas com mais intensidade e não ter medo de dizer sim para as oportunidades que aparecem? Aliás, qual é o problema de dizer mais vezes a palavra “sim” do que a palavra “não”?

Na maioria do nosso tempo, apesar da correria e dos compromissos, a vidinha que se apresenta para ser sentida é bem confortável. Um emprego, os estudos, um amor, bons amigos, nossa cama, nossa rotina enfim, tudo torna-se um costume. A acomodação se instala no cotidiano das tarefas do dia a dia. Mesmo os momentos de lazer, as saídas, sempre são para os mesmos lugares, fazem-se sempre as mesmas coisas e não se percebe como inovar pode ser fácil até nas coisas mais simples, como ver um filme ao lado de quem se gosta ou caminhar na rua, por exemplo.

Por consequência dessa acomodação, muitas oportunidades passam em sua frente e você nem se dá conta. Convites para sair da rotina se tornam chatos, afinal, “está tão bom do jeito que está”, não é mesmo? Quando a situação é confortável, nunca pensamos em melhorá-la, apenas em mantê-la. E se alguém for contra, tentar algo diferente, vários serão os poréns para que tudo não passe de uma ideia, sem se tornar realidade. Isso acontece nas relações familiares, de amizade, nas amorosas, sempre quando não sabe-se respeitar a ideia do outro. E estas relações, apesar de todo o amor nela contidas, se desgastam pela insistência da prioridade do “não”, do “está bom assim”, da aversão à mudança que naturalmente temos.

Apenas quando acontecem mudanças drásticas nas nossas vidas, como a perda de algo ou alguém que gostamos – a ruptura daqueles mesmos laços que falei lá em cima (sair do emprego, perder um amor, afastar-se das amizades, terminar os estudos e perceber que os colegas não serão mais a companhia de todo dia, enfim, tudo isso que acontece de vez em quando) – toma-se a atitude de repensar tudo aquilo que, lá atrás, o comodismo não deixava. E é aí que mora o perigo. Pode ser, e geralmente é, tarde demais. Aquilo que o nosso comodismo reprimia em relação ao que poderíamos dar de carinho acaba afetando tudo o que tinha acontecido antes. Fica apenas o lamento e um certo arrependimento. Mas nada que impeça de reciclar a vida, passar a viver mais a filosofia do sim, mudar os contatos, ir à busca de novos ideais, novos amores e tocar a vida em frente, passando a régua em tudo o que nos fez mal.

Saber a hora certa de dizer sim ou não é uma virtude que deve ser trabalhada com o tempo. Mas estar aberto a novas experiências é primordial. Não tenha medo. Viva as novidades. Viva o SIM!