12 de abril de 2011

O Sol do Dia que Não Acabou

Você se levanta, olha no espelho, identifica as mesmas rugas, as mesmas marcas no rosto, uma acne nova no lado esquerdo da testa, passa a água em seu rosto e finalmente acorda. Agradece a Deus por estar vivo, escova os dentes, toma um café, um banho antes, talvez, e assim começa mais um dia.

Mas, naquele dia, você não sentiu o que geralmente sente. Inexplicavelmente, as preocupações e expectativas quanto à forma em que seu coração vai bater somem. Você está ali, vivo, e isso basta. A solidão, apesar de permanecer em sua vida, não te incomoda. Ao contrário, vira tua companheira, amiga e confidente. E você acha graça disso. O dia passa, a rotina é a mesma, chega a noite e, naquela noite, você sai. Cabelos arrumados, perfume envolvendo teu corpo, sua pele, a roupa impecável, você encontra com teus amigos e tua companheira solidão. Deixa a solidão curtir contigo. A única coisa que você não trouxe contigo foi a expectativa. A solidão vira tua companheira tão fiel que ela não te deixa triste, mas te faz enxergar que, mesmo sem amores, amigos estão a sua volta.

De repente, vinte minutos podem mudar sua noite. E você percebe que as noites em que você não possui expectativa nenhuma podem ser as melhores noites da sua vida, da mesma forma que grandes expectativas também geram grandes frustrações. Afinal, quanto maior o salto, maior a queda. Uma conversa tímida ao pé do ouvido, uma dança com as mãos em sua cintura, e a noite se transforma. A solidão abre espaço para o inesperado, uma mistura de sensações que você só conseguirá descrever no dia seguinte. Quantas vezes não permitimos que o inesperado possa ser experimentado por nós. Quantas vezes deixamos que o “bom inesperado” passe na frente de nossos olhos, sem o aproveitar. Perdemos, talvez, alguns dos melhores momentos de nossas vidas por culpa de um medo do diferente.

Estes vinte minutos se transformam, e você não quer que aquele momento acabe. As horas passaram? Você nem percebeu. Nem se deu conta que o dia está amanhecendo. Amanhecendo? E daí, este momento não pode acabar. Sim, aproveite ao máximo os momentos mais intensos de sua vida. Não permita que estes momentos acabem antes do tempo em que eles podem acabar. E não determine este tempo. Viva cada momento que seu coração lhe dirige no tempo necessário, sem pressa, mas permitindo sentir o coração batendo mais forte, as mãos tremendo, o corpo em êxtase. Viva com paixão. Sinta cada abraço, cada beijo, cada carinho, cada sorriso, cada olhar que parte destes olhos claros... Sinta até aquele tímido “oi” que você recebe de vez em quando com intensidade.

Cuide para que esta sensação gostosa que lhe envolverá não se perca. Faça isso sendo sincera(o) com seu coração. Deixe seu coração bater no seu ritmo, sem ansiosidade, e não denomine o que você está sentindo. Apenas sinta.

O dia amanheceu. Mesmo que o momento acabe, a sensação não vai embora. Você se envolve numa paz... E quando chega em casa, as lembranças o rodeiam, os sonhos estão preenchidos de maneira diferente. E seus dias voltam para a mesma rotina, até você sentir, de novo, toda esta intensidade, mesmo que a solidão insista em ser sua companheira.


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